No Limbo

Do alto dos meus 33 anos e 1 dia e toda a sabedoria acumulada neste período, achei que já era hora de compartilhar um pouco das insanas e recorrentes histórias de nós, balzacas, vivendo no limbo da falta de machos. Histórias reais e fictícias, minhas, de amigas e de personagens, que pretendo que ilustrem o surreal que é essa transição sociológica onde cabe de tudo: desde pessoas que te encaram com piedade (como se o fato de não ter um bofe transformasse você em um ser mutilado), até as que te olham com inveja (como se o fato de você sorrir mesmo assim, te transformasse em uma semideusa autotrófica)...



ATENÇÃO: Os nomes foram trocados ou omitidos em uma tentativa de se manter um mínimo de dignidade





segunda-feira, 26 de julho de 2010

Inveja do Pau

Dizem que nós, mulheres, temos inveja do pau. De ter um. De verdade, não sei porque alguém pode pensar isso, pois seria impossível usar calça justa tendo um desses. E já temos coisas demais penduradas para precisarmos de mais uma. Acho muito legal toda aquela história de fazer xixi em pé - super mais prático e higiênico - mas é só.

Sei que é clichê, mas para esnobar vou dizer que com a minha racha posso conseguir quantos paus eu quiser. E você com a sua também. Você outra, com a sua própria, idem. Simples assim: os machos são bastante viciados e pouco seletivos quando se trata disso. Você pode até não conquistar o bofe, mas o little bofe é quase tiro certo. Nada que uma piscada, uma carinha de safada e um decote não consigam.

A verdade é que eu tenho é inveja de gay.

Acho que como casal, a sintonia é perfeita. Como os dois pensam com a cabeça pequena, sempre acho que se harmonizam com mais facilidade. Fora que o mercado é enorme. Tenho um amigo que diz que ano que vem nós héteros ficaremos na Paulista na Parada Gay, enquanto eles ocupam o resto da cidade - do contrário não caberá mais. E além de tudo, como se precisasse de mais ajuda, ainda tem os redutos. Lugares certos para ir e caçar, ver e ser visto.

Acho que o único reduto hétero que eu conheço é um bar estilo country, gigante. Tem tantos homens héteros quanto chapéus e botas, mas juro que na hora da necessidade bem que dá para abstrair dos acessórios. Uma amiga minha que não suporta sertanejo anda até conseguindo abstrair da música.

Estávamos em uma rodinha de rachas, falando sobre como somos equilibradas e não temos ciúmes e passou um amigo gay que disse:

- Eu tenho. Por isso eu tenho namorado e vocês não.

Deu um ódio daquela bicha, mas é preciso esclarecer. Lamento dizer, mas é mentira nego. É tudo uma questão demográfica.

Piada do Dia

Nem acho bonito gente que fica ouvindo conversa alheia. Sou até bastante educadinha nisso mas, por mais que a gente seja lady, às vezes é impossivel evitar.

Andando na rua com um amigo, passamos por uma rodinha de machos. Custei a acreditar no que eu ouvi, já que estava naquele processo jiboiesco pós-almoço, mas eis que um deles desabafa, naquele tom de "ai, como a minha vida é difícil":

- É impossível saber o que as mulheres querem!

Tive uma crise de riso. Riso daqueles histéricos mesmo. Acho até que incomodei a rodinha, mas foi melhor do que a alternativa, que seria dizer:

- A recíproca é verdadeira!

Pensei depois de alguns segundos em propor uma permuta: eu ouviria o problema existencial do pobre moço e explicaria por A + B as razões lógicas da mulher em questão, porque obviamente ela teria razões lógicas. Em troca ele teria que me explicar os mistérios da raça dos machos-alfa.

Desisti da proposta por acreditar que nem ele saberia.

Olhando brevemente os casos dos amigos, lembro de uns que dizem que querem uma namorada, mas ao serem indagados sobre o motivo de não namorarem uma mulher linda, independente e interessante que conheceram, respondem "ahh não"... e ponto. Outros dizem que está na hora de endireitar a vida, sossegar com alguém, casar e 5 minutos depois falam que só sairão de casa quando tiverem - no mínimo - a mesma infra. Outros que casaram, fazem planos de ter filhos com as donas patroas e de repente, não mais que de repente, tentam te agarrar no elevador...

Recado para o mocinho da calçada: Empatamos, meu bem! Não faço a menor ideia do que se passa na cabeça de vocês.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Efeito Borboleta

Nos relacionamentos, reais ou platônicos, a melhor sensação é a de borboletas no estômago.

Não é frio na barriga. Não tem absolutamente relação com frio. E não é na barriga. Fica mais para cima um pouco, já que o estômago está mais perto do coração. O frio na barriga é adrenalina, é medo. Não é frescurinha de bem estar. Estamos falando de outra coisa.

Uma amiga mais chique diz que são borbulhas de champagne. Acho muito elegante, mas também tenho minhas restrições. A história da champagne é mais um processo. Você abre, serve, ela faz borbulhinhas pelo gás e depois morre. Ou acaba. E as vezes dá bode ou ressaca.

A coisa da borboleta é mais episódica. Acontece do nada, de repente. Acho até que elas moram no estômago, mas são daquelas inquilinas normalmente comportadas. É fato raro notar a existência delas. Até que um dia elas resolvem armar uma festa e sem mais nem menos resolvem voar e resvalar a asa na gente para fazer cosquinha.

Se fossemos mais caiporas ou vivêssemos no século XVII e ouvíssemos um "gracejo" ou um "galanteio" de um bom moço, levaríamos a mão à boca e soltaríamos um "hihihi". Pois bem. A borboleta nada mais é que o hihihi da boca do estômago.

É um desconcerto que traz felicidade, quando a gente vê, ouve ou pensa naquela pessoa. E é só por isso que não é qualquer um que serve para a gente.

E tão bom quanto desnecessário foi descrever isso aqui, pois tenho certeza absoluta de que você sabe exatamente do que eu estou falando.

Sorte a nossa!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sozinha sim, encalhada nunca!

Do mesmo jeito que não aceito o "solteira sim, sozinha nunca", também me recuso a ser rotulada de encalhada. Aliás, recuso esse rótulo para todo mundo. Acabei de decidir e decreto que nenhuma mulher poderá ser chamada de encalhada aqui no purgatório, sob pena de ser enviada para o inferno. E o inferno, linduxa, é onde vivem os homens broxas.

Tudo bem eventualmente falhar, porque ninguém é de ferro. Eu entendo. O nome é pau, não ferro. Tudo bem também não é verdade. Óbvio que não tá tudo bem quando a coisa não funciona, mas... OK, vá lá, paciência, o que se há de fazer, não é mesmo?

Mas a encalhada é aquela que não passa por isso, porque nem chega a partir-pros-finalmentes. É quem ninguém quer. Encalhada é baleia e não é disso que estamos falando aqui. Baleia é bicho e a intenção é falar de relacionamentos entre seres humanos (além daqueles caras, que não são seres humanos, mas que jogam um futebol com a gente de vez em quando).

Aqui não tem baleia não. Tá todo mundo brigando com a balança, com os hormônios, mas todas seminovas com revisão em dia, prontas para uso.

Não gosto do termo solteira também, porque solteira é o oposto de casada e essa também não é meta de todas.

Acho que somos é sozinhas, romanticamente falando, com toda a dor e a alegria que isso traz. E todas nós sabemos que traz alegrias também: a liberdade de poder escolher se a gente quer ou não.

LIVRAI-NOS DOS MALAS. AMÉM!

Mas se não tê-los, como sabê-los?

Falando em aniversário...

Nunca me preocupei com essa coisa de idade. Até porque se preocupar com isso é coisa de gente velha. A gente está muito ocupada vivendo a vida para pensar nisso enquanto somos jovenzinhas.

Até tive uma frescurinha quando virei balzaquiana, mas depois decidi que a casa dos 30 seria um ótimo lugar para se viver. E é. É mais confortável, a vista ainda é boa, você tem uma boa infraestrutura. Achei que era a melhor morada da minha vida, até que descobri que nessa casa também mora o RELÓGIO BIOLÓGICO! E o relógio biológico, meu bem, não é lá um roommate super gostoso.

Eu não tinha dado de cara com ele até agora mas, perto deste aniversário, fui oficialmente apresentada. Não posso dizer que foi um encontro agradável, mas preciso registrar que não desgosto dele. Na verdade, nem sei se ele é importante para mim. Se vale a pena notar a sua presença.

E esse, minha amiga, é o grande problema. Depois que você é apresentada ao relógio biológico, você tem que decidir se ele te importa ou não. Nunca me achei confusa até agora, mas estou começando a pensar que também não sou tão decidida assim... (pausa para o rufar dos tambores): eu não sei se quero ter filhos.

É estranho porque nós, mulheres, deveríamos vir com essa programação de fábrica. We are supposed to be mothers. Tá lá, registrado, no Livro da Ovulação da Espécie. A meleca é que we are supposed to be tanta coisa, que quando chega na casa dos 30 ainda falta de um tudo e não dá pra saber se vai dar tempo nesse restinho de dois terços de vida que a gente ainda tem pela frente.

E se você é daquelas que não consegue priorizar nem as coisinhas básicas do dia a dia, se prepara: o tosco do relógio não fica parado esperando resposta. Esse é um dos motivos de nos jogarmos na Odisséia Homérica da busca pelo macho-alfa da qual trataremos aqui (seja só para praticar ou para reproduzir)...

Além da diversão e o de manter em dia brilho da pele!

No limbo

O nome "no limbo", embora não seja profundo, não foi impensado.

Estar sozinha, na casa dos 30, é uma espécie de purgatório. É como se você estivesse purgando coisas que você nem sabe que fez, enquanto espera seu ticket para o paraíso.

E lamento contradizer quem fala: Solteira sim, sozinha nunca. Sozinha nunca é o escambau! Sonha que eu acredito que as pegadoras não se sentem sozinha num Domingo a tarde enquanto o Faustão fala asneira e elas estão deitadas no sofá, sem ninguemzinho para fazer um cafuné. E quando tem que ir com o carro fazer a inspeção veicular? E quando vai ter algum evento familiar e o anfitrião pergunta, ao te convidar pelo telefone, se você vai levar alguém? Sozinha nunca é o meu pau de óculos. Esquece.

Tá no limbo sim. Purgando as gordurinhas, o ciúme, a TPM, as manias, as depressões, o jeito de bisca, enfim... tudo aquilo que possa nos separar dos machos-alfa.

E purgando também os machos-beta. Aqueles homens que nem são assim homens, mas que vão aparecendo na vida para que a gente tenha história surreal para contar. Tem que purgar homem purgante mesmo.

E esse é o limbo onde estamos, queridinha. Aquela coisa entre o céu e o inferno. O lugar em que a gente não precisa ser santa nem puta, onde a gente sofre mas goza.

Seja bem vinda ao nosso limbo (nem tão) particular.

Idade de Cristo

Ontem foi meu aniversário. 33 anos. Tive que ouvir algumas vezes que era uma idade linda. E é. Afinal de contas quando a outra opção é a morte, como é o caso aqui, ir mudando a idade me parece bem legal.

O estranho é que a justificativa para a lindeza dessa idade é o fato de ser "a idade de Cristo". E eu gosto muito de Cristo e preciso confessar que sou uma das queridinhas de Deus, mas não vejo a menor lógica em achar essa idade bonitinha por causa disso. Ele morreu com 33, gente. Ainda por cima crucificado. Deixo claro que não é isso que pretendo para os meus 33 anos.

Um fato é que eu estava em um bar com meia dúzia de amigos e o outro fato é que a mesa de um bar é o palco perfeito para grandes ideias e decisões. E reuni a ideia velha de falar sobre relacionamentos com a decisão de que a hora era agora. Se eu for crucificada que seja pela minha própria língua e não porque um Judas qualquer falou mal de mim.

Conheço vários homens - alguns no sentido bíblico de conhecer - mas quase nenhum solteiro. E conheço várias mulheres divinamente lindas, interessantes e, obviamente, complicadas. Muitas delas solteiras. Umas esperando o príncipe encantado, outras um sapo pegajoso, outras um mago na cama pra revirar a vida do avesso e outras só um pé caloso mesmo para esquentar o seu pé debaixo do edredon enquanto dormem de conchinha.

E obviamente cada uma delas fala do seu idealizado macho-alfa (embora algumas teimem em insistir com um macho-beta) de um jeito muito particular. E isso merecia ser publicado. E os papos naquela mesa de bar ontem foram o empurrão final para dar voz aos desabafos dessas divas. E este blog nasceu, lindo como um joelho.