No Limbo

Do alto dos meus 33 anos e 1 dia e toda a sabedoria acumulada neste período, achei que já era hora de compartilhar um pouco das insanas e recorrentes histórias de nós, balzacas, vivendo no limbo da falta de machos. Histórias reais e fictícias, minhas, de amigas e de personagens, que pretendo que ilustrem o surreal que é essa transição sociológica onde cabe de tudo: desde pessoas que te encaram com piedade (como se o fato de não ter um bofe transformasse você em um ser mutilado), até as que te olham com inveja (como se o fato de você sorrir mesmo assim, te transformasse em uma semideusa autotrófica)...



ATENÇÃO: Os nomes foram trocados ou omitidos em uma tentativa de se manter um mínimo de dignidade





terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Bom Moço

Sim, eles existem. And yes, we can.

Em um primeiro momento, passa pela cabeça que o bom moço é meio sem sal. Mas não é. A carência é de açucar, ou de mel. Falta é aquele ingrediente que atrai as mulherzinhas como abelhinhas em um carrossel.

Acontece é que é preciso observar o bom moço. Ele tem que ser visto, encontrado, já que o potencial dele pode estar mesmo escondido debaixo daquela roupa meio sem graça, no meio de uma festa de família.

E uma vez detectado o seu potencial é perfeitamente possível gostar dele. Rasgue já aquele preconceito contra os bons moços pois esse é o último suspiro da adolescente que agoniza em você. Na casa dos 30 a gente se apega mais a ela - é aquela necessidade que temos de provar para nós mesmas que ainda somos jovens. Eu sou a favor de amadurecer nesse aspecto e deixar a adolescente lá, moribunda, até o momento de finalmente resolvermos fazer aquele salto de paraquedas que a gente vem adiando desde a casa dos 20.

O problema do bom moço é que ele requer que sejamos boas moças para que possamos amá-lo e para isso às vezes não estamos preparadas. É preciso gostar de ser bem tratada, gostar de ser gostada, gostar de ser cuidada. Sempre gostei de bons moços, mas acho que não estava ainda preparada para eles. Nem sei se eu agora estou.

Bons moços, atenção: vocês são passíveis a upgrade! Poderão virar moços perfeitos... Basta adicionar aquela juntada de mão invertida no nosso cabelo e um beijo de tirar o fôlego, que tudo se resolve. Afinal, não interessa o tipo de bofe que a gente prefira, ele tem que ter pegada!

domingo, 29 de agosto de 2010

O Bad Boy

Falando um pouco sobre os homens da minha vida ou os tipos de homem disponíveis no mercado, o Bad Boy me veio primeiro à mente. Não que isso tenha minimamente a ver com a ordem de importância na minha história. Foi uma coisa totalmente aleatória mesmo, mas decidi começar por ele.

O Bad Boy é aquele cara completamente perfeito. Quando a gente tem 15 anos. Depois disso ele só se mantem interessante se tivermos algum tipo de retardo mental. Explico o motivo. O Bad Boy não consegue ser mais interessante pois ele se interessa somente por ele mesmo.

É de uma autoestima de derrubar quarteirões e de um egocentrismo cansativo. Ele tem seu charme. Obviamente. Se sente tão luz que as siriricas voam em volta, incessantemente. Sua autoestima dá um toque de segurança que atrai. Normalmente é gatinho e sabe se vestir. Sabe também por onde andar. Entretanto, no final das contas, o Bad Boy é uma fraude. É um personagem.

Tire a prova. Transe com ele e verá que ele não existe. Aliás, não é uma transa: é uma performance da qual você, não interessa o quanto se esforce, não passará de coadjuvante. Quando terminar, você se sentirá saindo da academia. Tem o seu valor, mas não aquele que você foi buscar.

O Bad Boy as vezes pode se disfarçar de simpático. Ele pode ser um amor e isso vai torná-lo ainda mais popular. Sempre será aquela festa o encontro de vocês mas, creia-me, você não vai conseguir passar da sala de visitas. Talvez pelo fato de não ter nada além. Falta profundidade.

Aproveite. Faça seu exercício, conheça as novas baladas com ele, faça aquela cara de mulher infiltrada no submundo, mas lembre-se que o bad no nome está lá por algum motivo. E esqueça um relacionamento, pois ele sempre estará indisponível, relacionando-se consigo próprio.

Se fosse mesmo bacana sua carinha não estaria estampando bundas por aí.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Timing

Nem acho - hoje, nesse momento eu nem acho - que o difícil seja encontrar alguém livre, bacana e ativamente disponível para um relacionamento... E não estou traindo a causa: só estou tentando ver por outro ângulo. Vou explicar e você vai achar esse tópico arquivado na gaveta superior esquerda do seu subconsciente:

O grande vilão é o timing!

O difícil é acertar o andamento, a sintonia, a aceleração e... o freio.

Eu tenho amigOs. Muitos. Sempre tive muita facilidade em fazer amizade com homens. Acho que o fato de ter sido sempre meio moleque facilita isso. Em meio a esse portfolio de amigos, tenho que confessar que temos belos espécimes. Um deles estava ontem chorando as mágoas comigo. Foi chutado. Em um primeiro momento pensei em falar que de certo ele tinha feito algo para isso, mas achei melhor usar mais a compaixão do que a língua. Mas o fato é que ele amava e estava sofrendo (não pensem "bem feito", meninas, ele é meu amigo).

Se existem homens bacana e mulheres maravilhosas, qual é o problema afinal? Simples assim: essas raças não se encontram no momento certo. Ou o bofe fica de 4 mas ela está apaixonada por aquele tosco que só faz mal para ela ou ela se acende toda e ele está ocupado com a biscate que está ocupada biscateando o amigo dele. Pode acontecer ainda dela inventar de querer um cara que decidiu que vai se dedicar à profissão somente ou ele resolver que quer aquela mulher que está tão escaldada que tirou um ano de folga para se dedicar ao DVD com pipoca, chocolate, cachorro e blog.

E vou fazer a citação que fiz pro meu amigo ontem, que perguntava o motivo de ainda acreditar, de ainda insistir: A vertigem não é medo de cair, ela é a vontade que todo ser humano tem de se jogar. Mesmo sem saber o resultado. Mesmo sem saber se o timing vai funcionar e se vão abrir uma cama elástica para você lá embaixo. Mesmo sem saber no que vai dar.

A gente continua tendo a esperança de que uma daquelas pessoas maravilhosas que a gente cruza (no bom sentido, gente, não no mais legal) pelo caminho, vai estar com o relógio perfeitamente sincronizado com o nosso.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Deus não me deu a graça!

Essa é da amiga de uma amiga, que exclamava: Deus não me deu a graça de gostar de mulher!!! E fazia isso em italiano, só para ficar ainda mais gostoso de ouvir.

Mas pense: com tantas mulheres disponíveis, independentes, bonitas, donas-do-próprio-nariz, com habilidades interpessoais e totalmente disponíveis para viagens, não seria uma benção?

Mas Deus também não me deu a graça.

Não que eu considere uma desgraça gostar de homens. Mas realmente acho que as coisas poderiam ser um tanto quanto mais fáceis. Mas acho mulher um bicho liso, meio que desemxambido pra mim. Gosto de gente patuda, calosa, peluda e com pegada.

Fica meio estranho falar sobre isso, mas tive uma amiga que me ajudou a desenvolver esse meu talento nato de gostar dos machos-alfa. Ela era absolutamente louca e na adolescência toda mulher merece uma amiga completamente louca, pra apontar a direção daquele mau caminho. E o mau caminho necessita ser trilhado, queridinha, pra fazer da gente o que a gente é e para que a gente saiba que o fogo queima e que é melhor não bolir com ele.

Essa amiga era daquelas que tomavam muita bagaceira e perdiam por completo a noção do que estavam fazendo, do perigo, do certo ou do errado. E mesmo eu sendo a ponderada da dupla, convivendo com ela era impossível você não ser chamuscada pela combustão da bagaceira. Um brinde!

Agora pasmem: meia vida (minha) se passou e o que acontece? Deus deu a ela a graça. E agora ela está - casada, linda e feliz - com outra racha.

E o que é a vida senão uma grande gozação?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cobertor de Orelha

Ah, não. Hoje não!

Não me peça para escrever sutilezas, para usar o bom humor, para fazer textos leves. Hoje não! No frio não dá. O frio é tempo de ser direto. É época de fechar negócio, não de fazer gracejo. Época de se assumir (e tenho medo de usar essa palavra, pois corro o risco de tirar mais uns 3 gays do armário): EU QUERO UM COBERTOR DE ORELHA!

O frio é o clima do tédio para as mulheres sozinhas. Se você tiver um mínimo de juízo, não dá pra por o nariz na rua com esse tempo. Nem venha me dizer que dá para ir para a balada, que nesse frio o joelho range depois dos 30 - tenta dançar pra ver! Até comer é deprimente. Prato para um no frio é sopa. Não interessa se é sopa de envelope para comer em casa, ou sopa no pão para comer na rua. Sopa é prato de gente sozinha. Fondue é de frio, é muito mais legal, mas é para dois.

Até beber, que é sempre um consolo, no frio é complicado. Bebida de frio é vinho tinto e uma bela garrafa de vinho tinto deveria ser tomada a dois. Tudo bem, gente... sou plenamente capacitada a tomar uma garrafa de vinho sozinha, mas isso é pura falta de opção.

Frio pede acompanhamentos. Pede fondue, vinho tinto, cobertor de orelha, conchinha e sexo e, obviamente para tudo isso, companhia.

Hoje só me resta o chocolate. Que serve tanto para o frio quanto para a falta de tudo isso.

Agora me dê licença, que estou com tanta saudade de um namorado que preciso ir ali, assistir um futebol!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Garota Enxaqueca

Estive fora de circulação uns tempos... venho estando... por causa da bendita enxaqueca.

Só vocês, mulheres passadas dos 30 e que ainda usam anticoncepcional, sabem do que eu estou falando. É muito hormônio para um corpinho só.

Nossos próprios hormônios já estão naquele fervo. É uma montanha russa louca, desgovernada. Daí lá vamos nós e, diariamente ou mensalmente, botamos mais um pouco de hormônio para dentro. Deve ser o cúmulo da insensatez.

Algumas afortunadas podem estar perguntando: "E pra que você usa anticoncepcional? Tanta opção além da pílula e você aí com enxaqueca?" Juro que sei disso, colega. Sou super bem informada nessa area e, para ser sincera, a pílula é tudo para mim menos anticoncepcional.

Para quem ainda não tem o macho-alfa, a camisinha é a única opção se você vai nadar com os betas. E ela já serve pra isso também. Como não existe a possibilidade de sexo inseguro a essa altura do campeonato, tudo estaria resolvido se a pílula não fosse também a barreira que nos separa das espinhas e dos pelos. Pois é, afortunadas, a gravidez não é o problema aqui. Posso ser uma Garota Enxaqueca, mas espinhenta e peluda, não!

Sou uma panela de pressão, cheia de hormônios fervendo, e minha cabeça é aquele pininho, que solta fumaça e grita!

E assim vamos: andando no desfiladeiro do vale da morte, mas de salto!

Racha means...

"Meninos têm pênis, meninas têm vagina". Quem é da minha idade há de lembrar dessa cena de Um Tira no Jardim de Infância. Racha é a segunda parte dessa porção. Somos rachadas. Se você não está habituada com este termo, acostume-se! Acho bastante simpático e você verá bastante por aqui.. O nome científico e os sinônimos - em geral - são de péssimo gosto.